O preconceito linguístico é um problema muito frequente na nossa sociedade e pode estar presente também dentro das escolas.
Trata-se de uma rejeição de linguagens que fogem da norma-padrão, o que pode resultar na ridicularização das formas de falar de algumas pessoas.
Como resultado, os estudantes podem ter dificuldades de comunicação, o que leva à exclusão. Além disso, são práticas que incentivam os estereótipos, que são causadores de conflitos.
Nesse sentido, é importante considerar que as maneiras de se expressar estão relacionadas a uma construção cultural e social. Sobretudo, é fundamental que a escola seja um espaço de acolhimento da diversidade e de respeito, o que não combina com nenhum reforço aos preconceitos.
Quer saber como evitar o preconceito linguístico na escola e estimular o respeito às diferenças? Continue a leitura e confira!
Abordar o tema nas aulas
O assunto pode fazer parte de aulas e atividades específicas. É interessante criar debates e rodas de conversa, além de estimular a produção de textos a respeito do preconceito linguístico.
Para isso, é preciso tomar cuidado para promover uma conversa saudável e que não cause nenhum constrangimento aos estudantes. A dica é usar algum recurso para a sensibilização, que chame a atenção para o problema e promova a reflexão.
Tratar disso nos projetos de enfrentamento de preconceitos é muito importante para a melhoria da convivência entre os estudantes, o que também é essencial para a sua formação e o desenvolvimento da cidadania. Da mesma forma, é um assunto geralmente cobrado em processos seletivos como o Enem, o que reforça a necessidade de discuti-lo na escola.
Aprofundar os estudos a respeito da linguagem e da sociologia
Na raiz dos preconceitos muitas vezes está a necessidade de alguma informação. No caso da deslegitimação da linguagem de outras pessoas, o conhecimento de características sociais, geográficas e históricas pode ajudar no processo de acolhimento e valorização dessas diversidades.
Ao compreender melhor o desenvolvimento das linguagens, é possível perceber o dinamismo do idioma, a sua capacidade de se ajustar ao que é praticado pelas pessoas e também as influências de outros povos. Por esse motivo é que acontecem as reformas ortográficas, que adéquam o vocabulário formal às características da sociedade.
Nesse sentido, muitas vezes expressões e sotaques estão carregados de história e cultura, que fazem parte também da personalidade dos indivíduos. Em um país continental como o Brasil, é essencial que a escola reconheça as riquezas das diferentes culturas, o que inclui as suas formas de se comunicar.
Incentivar os educadores a não reforçarem o preconceito linguístico
Os educadores têm o desafio de ensinar a norma culta e também de abrirem as possibilidades para a compreensão de variações na linguagem verbal. Os estudantes já têm contato com diferentes formas de se comunicar e também de adequação linguística, ainda que não percebam.
O importante é que os professores sejam agentes de desconstrução dos estereótipos ao mostrarem que existem realidades diferentes das regras gramaticais da norma culta, que também são legítimas. Contudo, sempre se pautando na adaptação ao contexto.
Um ótimo exemplo é a internet, um espaço em que gírias, abreviações, comunicação por imagens — memes, emojis etc. — são comuns e fazem sentido naquele meio, ainda que não sigam os padrões gramaticais formais.
Portanto, a escola e os educadores podem assumir o papel de ampliadores das perspectivas dos estudantes. Com isso, eles se sentem mais seguros para se expressarem e serem protagonistas, uma vez que a sua cultura é bem recebida. Da mesma forma, ajuda no combate à intolerância e ao bullying.
Apresentar produções artísticas que mostrem as diferenças regionais
O Brasil é rico em produções artísticas que abordam a diversidade cultural, apresentando as diferenças regionais. É possível encontrar filmes, livros, pinturas, músicas e outras obras que trazem ótimos materiais para a escola. Usar referências internacionais também pode contribuir.
Esses trabalhos são interessantes porque criam uma empatia com aquela população, provocam reflexões e ajudam a conhecer histórias relacionadas à língua. Adquirir esse repertório cultural enriquecerá muito o aprendizado dos estudantes e os ajudará a lidar de maneira mais tranquila com a diversidade.
Dessa forma, é possível compreender as diferenças como variações linguísticas e não como erros, o que é muito importante para evitar o preconceito e as suas consequências negativas.
Promover atividades para enfrentamento dos preconceitos
Algumas atividades específicas podem ser feitas para lidar com o preconceito na escola. O reconto, por exemplo, convida os estudantes a adaptarem alguma narrativa para a comunicação oral e, com isso, perceberem as adaptações que precisam ser feitas.
Da mesma forma, é possível pedir aos alunos que percebam no próprio vocabulário as expressões que fazem parte de uma linguagem informal e, com isso, estimulá-los a buscar as suas origens. Conhecer, por exemplo, as gírias de cada época e como elas surgiram é muito interessante para compreender mais sobre a oralidade.
Além das questões linguísticas, é fundamental que a instituição conte com recursos de combate aos preconceitos de maneira geral. Isso é necessário para a boa convivência, o desenvolvimento saudável e a formação da cidadania. Também é uma maneira de enfrentar o bullying e evitar o constrangimento dos alunos.
Como lidar com situações de preconceito na escola?
A proposta de reflexões e a promoção de uma cultura de paz precisa fazer parte da rotina escolar desde a Educação Infantil, com atividades adequadas às faixas etárias. É muito válido tornar o tema presente na instituição.
Quando houver alguma situação desagradável, a dica é tentar a solução por meio do diálogo e da compreensão das partes envolvidas. Contar com o auxílio de profissionais da área da psicologia também é muito positivo para que situações pontuais sejam acompanhadas da maneira mais empática possível.
Vemos que o preconceito linguístico na escola é um tema que merece a reflexão e a busca de alternativas para a promoção do respeito. Valorizar a diversidade e a riqueza cultural do Brasil é um ótimo caminho para ampliar a visão de mundo dos estudantes e estimular o seu desenvolvimento socioemocional.
Fonte: Escola da Inteligência