A expressão “criação com apego” pressupõe o acolhimento dos sentimentos e das singularidades, bem como a resposta às necessidades físicas e emocionais do ser em formação.
A teoria, criada pelo psicólogo John Bowlby e difundida pelo pediatra William Sears, prega que os vínculos emocionais construídos com os pais durante a primeira infância são determinantes para que, na vida adulta, o indivíduo seja capaz de construir relacionamentos saudáveis, seguros e empáticos com os outros e, sobretudo, com ele mesmo.
Para saber quais são as verdades e os mitos sobre criação com apego, conhecer os princípios que fundamentam a teoria e entender como colocá-los em prática, siga a leitura!
O que é e o que não é criação com apego?
O tema da criação com apego é cercado de confusões, mitos e inverdades, que precisam ser afastados se quisermos realmente entender o que ela significa. O nome, com frequência, transmite a sensação de que o intuito é ser permissivo e superproteger as crianças, tornando-as dependentes emocionalmente de seus pais ou mesmo, como costuma-se dizer, “pequenos tiranos”.
Essa interpretação é bastante errônea, uma vez que a criação com apego preconiza justamente o contrário: formar seres autoconfiantes, seguros, empáticos e maduros no âmbito socioemocional. Para tanto, a maneira como se constrói o vínculo entre pais e filhos durante a primeira infância é decisiva.
Isso quer dizer que os pequenos têm uma necessidade real do apego para se orientarem e se sentirem seguros no mundo, o que requer uma disponibilidade emocional dos pais de não só responder às suas necessidades de afeto e envolvimento, mas de respeitá-los em suas singularidades. Tudo isso vai na direção oposta da negação, do autoritarismo, do afastamento e da violência (física, moral e psicológica).
Uma criança criada com apego tende a construir uma relação saudável consigo mesma, reproduzindo o padrão em suas relações com os outros, quando adulta. Por ter sido acolhida, desde o princípio, como um ser único e incomparável, ela crescerá mais autoconfiante e segura de ser quem é, isto é, não vai seguir a vida toda em busca de validação e aprovação externa.
Conheça os oito princípios da criação com apego
A teoria da criação com apego oferece oito princípios que funcionam como ferramentas de auxílio para os pais que se preocupam em oferecer uma educação afetiva e segura para os seus filhos, sem exageros.
No entanto, eles não podem ser encarados como regras a serem seguidas, uma vez que pressupor a existência de um manual nega justamente aquilo que é mais importante na teoria: a relação entre pais e filhos e a atenção contínua, por parte dos adultos, aos sinais e às necessidades de cada criança.
A seguir, vamos apresentar os princípios e algumas dicas de como transformá-los em ações!
Preparando para a gestação, nascimento e criação
Aqui é o ponto em que, literalmente, começa a jornada da vida. A gestação é um momento fundamental para a preparação física, mental e emocional dos pais, e investir nela significa amadurecer, em todos os sentidos, para enfrentar com equilíbrio os desafios da maternidade e da paternidade.
Por isso, a fase envolve muito mais do que a escolha do parto ou os preparativos materiais para a chegada do bebê, exigindo muita reflexão e pesquisa sobre: possíveis traumas dos pais; diferentes filosofias de criação; andamento do relacionamento entre você e seu parceiro(a); rotina de cuidados com o recém-nascido; amamentação; expectativas em relação ao bebê etc.
Alimentando com amor e respeito
A amamentação supre tanto as necessidades nutricionais quanto as emocionais de seu filho. Além disso, os vínculos construídos nesse momento são para toda a vida.
As orientações das sociedades de pediatria são: amamentar em livre demanda; avaliar com cautela o uso de mamadeiras e chupetas; fazer a introdução alimentar somente aos seis meses de vida do bebê e como um complemento da amamentação, que deve continuar, pelo menos, até os dois anos; permitir que a criança desenvolva o paladar de modo natural e realizar o desmame gentil quando for o momento.
Respondendo com sensibilidade
Ser e estar sensível à criança. Os pequenos podem comunicar suas necessidades de várias formas e respondê-las com empatia é o que possibilita a construção de um laço seguro.
As dicas envolvem: não ignorar pedidos de afeto; levar a sério os choros e as famosas “birras”; afastar-se nos momentos de raiva; não punir ou brigar; oferecer aconchego e carinho e, principalmente, manter uma conexão de respeito aos sentimentos do seu filho, compreendendo a raiz de seus comportamentos.
Usando o contato afetivo
O contato físico é comprovadamente benéfico para o desenvolvimento integral dos pequenos. Por isso, desfrute dele na hora da amamentação e do banho, invista em massagens que acalmam o bebê, dê colo, use e abuse do sling, sugira brincadeiras que encorajem a proximidade física. Mesmo quando o seu filho já estiver mais velho, não esqueça que ele continua tendo necessidade do toque. Abraços, beijos e outros carinhos só fazem bem!
Garantindo um sono saudável
Para se sentirem seguros e terem uma noite tranquila de sono, a única coisa que as crianças precisam é da garantia da proteção amorosa dos pais. Uma dica é realizar a técnica chamada Cosleeping que nada mais é do que os pais dormirem próximos aos filhos, em camas compartilhadas ou berços acoplados. Outros conselhos são: ajudar a criança a reconhecer os sinais de cansaço e fazer uma transição gentil para a cama própria.
Provendo cuidado consistente e amoroso
Os pequenos necessitam de cuidadores consistentes, receptivos e amáveis. O ideal é que sejam os pais, no entanto, sabemos que isso não se encaixa na realidade de muitas famílias. Se esse for o caso, procure um cuidador que desenvolva uma relação de afeto com o seu filho e evite trocar essa figura com frequência. Também é essencial criar rotinas que incluam o bebê e respeitar suas emoções nos momentos de separação.
Praticando a disciplina positiva
A regra da disciplina positiva é tratar as crianças como gostaríamos de ser (ou de termos sido) tratados. Em vez de reproduzir práticas autoritárias, agressivas e punitivas, a educação deve se dar por meio da gentileza, do respeito e do amor. Para tanto, o diálogo e a escuta ativa são pontos chaves. Outras práticas são: colaborar para que a criança explore o mundo com segurança; evitar pedidos afirmativos; construir um ambiente que propicie o “sim”; substituir as ordens por argumentos; não rotular etc.
Mantendo o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar
Os pais também precisam ter suas necessidades reconhecidas e atendidas, afinal não podemos oferecer ao outro aquilo que não temos, não é mesmo? Portanto, aos adultos cabe também buscar redes de apoio, traçar metas pessoais, criar espaços de autocuidado no cotidiano, aprender a pedir (e receber) ajuda e colocar-se como prioridade de vez em quando.
Fonte: Escola da Inteligência