Se você tem mais de um filho, é bem provável que esteja familiarizado com episódios de reclamações, disputas e discussões intermináveis entre eles. Sim, a briga entre irmãos é algo muito comum e pode acontecer por uma série de motivos, dentre os quais: diferença de personalidades, ciúmes, falta de habilidades socioemocionais etc.
Para os pais, esses conflitos, além de estressantes, podem gerar sentimento de culpa, uma vez que não conseguem evitá-los ou mesmo solucioná-los. No entanto, vale lembrar que as brigas são, muitas vezes, a maneira que as crianças e os jovens encontram de externar emoções complexas (e de grande relevância para a vida adulta), como a frustração.
Apesar de existirem confrontos violentos, que exigem contenção direta por parte dos adultos, a solução mais eficiente, em geral, é a de acalmar os ânimos e intervir de modo estável, equilibrado e inteligente. Em outras palavras, para poderem ajudar os filhos a encontrarem soluções para os conflitos (internos e externos) e construírem afetividade entre si, os pais também precisam aprender a gerir as próprias emoções.
Mas, afinal, como lidar com a briga entre irmãos? Para responder essa pergunta, precisamos antes compreender quais as possíveis causas da rivalidade. Vamos lá?
Por quais razões os irmãos brigam?
Deve-se frisar que o convívio entre irmãos é um dos primeiros tipos de experiência social da criança. Por meio dessa relação, os pequenos vão vivenciar emoções novas, compreender que há outras necessidades a serem atendidas além das suas, aprender a dividir bens materiais, assim como a atenção dos pais. Sem contar que vão compreender, na prática, a importância do respeito e da empatia.
Por mais angustiante que seja ver os filhos brigarem, é necessário saber que essa situação é muito comum e, inclusive, natural. Mais do que isso, o conflito, em alguns aspectos e a depender de como forem negociadas as soluções, pode ser bastante benéfico em termos de aprendizado de habilidades socioemocionais e estímulo de valores essenciais, tais como a cooperação e a aceitação das diferenças.
Entre as principais causas de brigas apontadas pelos especialistas estão: genética, ambiente familiar, amizades, personalidades conflitantes e diferenças na forma de tratamento. Esse último ponto é muito importante, pois os pais podem, de maneira inconsciente, privilegiar ou proteger mais um filho do que outro, o que acaba por fortalecer a competição e, pior, causar sérios danos na autoestima daquele que é frequentemente “ignorado” ou colocado no papel de “vilão”.
Como lidar bem com a briga entre irmãos?
Os conflitos são, dentro de um certo limite, algo corriqueiro e normal. Contudo, o modo como os pais intervêm nessas situações faz toda a diferença na construção da afetividade entre os irmãos e de um ambiente propício ao desenvolvimento de ambos. Por isso, é fundamental repensar o processo de intervenção, tornando-o o mais inteligente, positivo e saudável possível. Como fazer isso? Comece seguindo as dicas abaixo!
Evite comparações
O intuito das comparações, na maioria das vezes, é o melhor. Entretanto, em vez de estimular uma mudança positiva no comportamento de um deles, o efeito pode ser o de provocar sentimentos de inferioridade e ciúme, aumentando ainda mais a propensão às disputas por afeto. Os filhos têm personalidades, maturidades e necessidades distintas, portanto, cabe aos pais respeitá-los e amá-los em sua singularidade.
Não reforce papéis
Há uma tendência forte de rotular os filhos e, consequentemente, reforçar os papéis de “vilão” e “mocinho”, “culpado” e “vítima”. Em geral, isso acontece para proteger o irmão caçula, sobrecarregando a responsabilidade do mais velho (mesmo quando ele está com a razão). Evite ao máximo agir assim, pois esses rótulos são internalizados e causam graves prejuízos na vida adulta. Por isso, ouça os dois lados com igual atenção e seja justo na resolução dos problemas.
Controle as broncas
Sim, às vezes fica difícil segurar a impaciência e o nervosismo, mas saiba que explosões, gritos, punições severas e ofensas não resolvem absolutamente nada e são péssimos exemplos de conduta para as crianças. Pais que não conseguem gerir as próprias emoções e estabelecer limites de forma respeitosa ensinam os filhos a se portarem do mesmo modo com as outras pessoas. Além disso, as broncas rígidas despertam o medo, tornando-os excessivamente inseguros.
Promova a relação afetiva entre ambos
Com constância, elenque as qualidades de cada um para o outro, fazendo-os refletir sobre os pontos positivos de ter um irmão, isto é, estimulando o laço afetivo. É responsabilidade dos pais oferecer esse repertório para que aprendam a lidar com as diferenças entre eles e, mais do que isso, que as valorizem.
Incentive o diálogo
O diálogo é sempre o melhor caminho para a resolução de conflitos. Todavia, nem sempre os irmãos são ensinados a dialogar entre si e expressarem os seus sentimentos. A ideia principal é fornecer espaço para que possam tanto falar quanto ouvir, sem interrupções e com muita sinceridade. Um bom caminho para auxiliar nesse processo é promover a empatia, por meio de reflexões que façam com que se coloquem no lugar do outro.
Oportunize a resolução dos problemas
É crucial para as crianças que os pais demonstrem confiança e deem oportunidades para que encontrem soluções para os seus conflitos. Assim, avalie a situação e, se for possível, controle o impulso de interferir num primeiro momento. Permita que elas conversem entre si, identifiquem as causas e negociem maneiras de resolver o problema. Esse tipo de conduta por parte dos adultos promove aprendizados e encoraja o processo de autoconhecimento e amadurecimento socioemocional.
Um processo interventivo consciente pode colaborar muito para que seus filhos se desenvolvam com autoconfiança, empatia e respeito às diferenças, tornando-os mais aptos para o convívio social e mais propensos a construírem relacionamentos sadios por toda a vida. O contrário, infelizmente, também é verdadeiro, pais que intervêm de modo negativo na relação entre os irmãos podem desencadear ainda mais competição e rivalidade entre eles.
Fonte: Escola da Inteligência.